quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

José Manuel Ribeiro em entrevista ao Blogue A Bola é Redonda

Esta semana na rúbrica 'Entrevista Com', a escolha para entrevistado recaiu no treinador do Infesta, José Manuel Ribeiro. Esta entrevista foi realizada em dezembro último, aquando da vida do Infesta a Serzedo para um jogo-treino. Ao longo da mesma, o jovem técnico fala da sua ambição, dos seus sonhos, rejeita comparações com André Villas-Boas e com a carreira do FC Porto na Liga Zon/Sagres e admite que o Grijó, próximo adversário do clube matosinhense no campeonato, foi, das três equipas gaienses, aquele que mais dificuldades lhe apresentou e mais bem estruturado está. Em suma, uma entrevista a não perder!!
José Manuel Ribeiro pretende devolver o Infesta aos grandes tempos de outrora

A Bola é Redonda (ABR) - O Infesta lidera a Divisão de Honra invicto. Esperava esta situação ou não esperava ter tantos pontos de avanço sobre os outros adversários?
José Manuel Ribeiro (JMR) - Não fiz esse tipo de cálculos antes de começar. O Infesta há muitos anos que não estava nesta divisão e ia ser sempre uma novidade. Não teríamos ponto de referência com anos anteriores. Se me perguntasse se íamos fazer estes jogos invictos, diria que seria difícil pelo valor de alguns adversários e também pelo valor da nossa equipa pois temos muitos elementos novos e o trabalho foi feito de base, implementando as minhas ideias, porque o ano passado não era eu o treinador e isso às vezes demora tempo. Os jogadores têm sido fantásticos, assimilaram as ideias rapidamente e temos feito um campeonato quase perfeito. Estamos no primeiro lugar, sabemos que não será fácil manter pois vamos ter jogos difíceis, mas temos uma equipa que não sofreu alterações, não houve o objectivo de reforçar a equipa e vamos tentar manter o primeiro lugar.

ABR - É homem da casa, foi jogador do Infesta e chega agora ao banco. Numa entrevista ao jornal 'A Bola' disse que tinha cumprido um sonho. Era de facto um sonho treinar o infesta?
JMR - Sim. Sou sócio do infesta há 25 anos e ao fim de dez anos como adjunto começamos a ter alguma vontade de chegar a treinador principal. Obviamente que o Infesta é o clube da minha terra, da minha cidade e acho que era o clube ideal para começar, porque conheço as pessoas, conheço a filosofia do clube e sei que era mais fácil começar num clube como o Infesta, do que noutro clube qualquer.

ABR - Nesse campo surgem algumas comparações inevitáveis, pois o Infesta está a fazer uma carreira semelhante à do FC Porto. Mas neste caso e até porque André Villas-Boas também é novo, está invicto e treina o clube dele desde pequenino, que semelhanças é que encontra na maneira de treinar, tanto na sua como na dele?
JMR - Em relação ao treino não sei porque não estou lá. Na forma de jogar, penso que será diferente, porque os jogadores são diferentes. Dou muita importância a organização defensiva, assim como ele e também ao pressing em determinadas zonas do campo. As comparações as pessoas fazem-nas, talvez pela idade, por estarmos a treinar o clube do coração e sermos jovens, mas eu nem faço porque não gosto minimamente. Peso que até é prejudicial, porque se as coisas correm mal, as pessoas vão comentar. Não há comparação possível. Estou num nível muito inferior, a pressão que eles têm é muito maior e é muito mais fácil liderar um balneário como o Infesta porque tinha vindo de uma descida, porque os jogadores querem rectificar erros anteriores e no FC Porto é um ambiente diferente, é outro nível, a pressão é maior. É quase impossível fazer comparações.

ABR - O Infesta já jogou com as três equipas de Gaia. Qual foi a que lhe apresentou maiores dificuldades?
JMR - Foi difícil o Grijó e também o Avintes. Não tão difícil o Arcozelo, porque das três pareceu-me a que tem menos argumentos. O Grijó é quanto a mim, a que tem no seu conjunto, um lote de jogadores com melhor qualidade e depois, já estão com o mesmo treinador há muitos anos e isso ajuda, têm uma estrutura preparada para esta divisão e apostou forte na subida. O Avintes foi complicado porque jogamos num relvado que não estava em boas condições e não marcamos o segundo golo quando deveríamos ter marcado. Mas para mim o Grijó foi o adversário em que tivemos mais dificuldades e na altura disse que se tivéssemos empatado também seria justo. Acabamos por ter alguma felicidade ao ganhar 2-0 e é a equipa que tem melhor lote de jogadores e aquela que neste momento ainda luta pela subida. Ainda faltam muitos jogos e estão bem apetrechados, reforçaram-se com bons jogadores que eu conheço do Valonguense e penso que a estrutura está lá e têm tudo para importunar pelo menos o Pedras Rubras, porque é o adversário mais próximo. Quanto a nós já será mais difícil, mas não é impossível e nos temos essa noção e não podemos nem vamos facilitar. Mas de facto o Grijó foi a equipa que mais luta me deu e é um sério candidato a subir de divisão.

ABR - O Infesta está invicto. Como é que se tira o deslumbramento da vitória a um grupo que tem ganho todos os jogos?
JMR - Tenho um grupo de jogadores que estavam cá o ano passado e a vontade deles em devolver o clube à 3ª Divisão é muito grande. Esses estão motivados. Depois fui buscar jogadores fora, a clubes mais pequenos e a motivação de estar aqui é muito grande. Se perguntar aos jogadores, ninguém quer perder, eles próprios estão motivados. É mais difícil motivar uma equipa que perde, não uma que ganha, porque esses não querem perder. Não tenho nada de especial, é tudo fruto do trabalho. Sinto-me motivado, mostro-lhes a minha motivação e acho que eles vão buscar alguma à minha.

ABR - Mas pode sempre aparecer facilitismos durante os jogos…
JMR - Não tenho sentido qualquer tipo de facilitismos durante os jogos, nem mesmo com as equipas cá de baixo. Temos mantido sempre uma organização e concentração de topo e só assim é que conseguimos vencer. Tenho reparado que contra nós as equipas são mais agressivas que o habitual, correm mais, mas isso é normal, se estivesse do outro lado era igual. Quem é que não quer ganhar ao Infesta? Quem o fizer será notícia durante a semana...

ABR - Está a começar a carreira como treinador, mas tem ambições como toda a gente Quais são as suas ambições pessoais?
JMR - Tenho os pés bem assentes na terra. Só com bons resultados é que se conseguem coisas. Se me perguntar se tenho objectivos, tenho o objectivo de treinar um clube da 2ª B antes dos 40 anos, se for o Infesta melhor, mas sei que vai ser difícil, porque conheço a realidade do Infesta e não será fácil o clube voltar à 2ª B. Mas o objectivo é esse, nos próximos quatro anos conseguir estar a treinar pelo menos nos nacionais. O resto, depende muito do clube onde estiver, das capacidades do clube em me projectar, também depende da ajuda de um presidente que aposte em mim. Há muitos treinadores no mercado com qualidade e não conseguem. Vou trabalhar e lutar e acima de tudo, fazer o meu trabalho o melhor que sei, procurar ser melhor todos os dias e tudo fazer por merecer um dia mais tarde, uma oportunidade para outros voos que não nos distritais. Vamos tentar com o Infesta voltar aos nacionais, mas sabemos que depois de lá estar tudo é mais fácil, mas sem uma boa estrutura, um treinador sozinho não consegue. Felizmente no Infesta a nível de estrutura não haverá clube melhor nesta divisão.

ABR - Para terminar, uma mensagem aos adeptos e simpatizantes do Infesta.
JMR - Acima de tudo, que continuem a ajudar o Infesta como têm ajudado. É uma alegria muito grande terminar um jogo e ver muita gente nas bancadas. Pessoas que não vinham ao Infesta há muitos anos. Infelizmente em Portugal as pessoas só vêm ao futebol quando a equipa ganha, pois na altura das derrotas as pessoas fogem. Felizmente estão a voltar ao Infesta. Só espero que continuem a apoiar para lhes podermos dar mais alegrias. O clube não morreu e só com a ajuda deles é que podemos reerguer o Infesta.

Johnny Lino

FONTE: A Bola é Redonda
(www.abolaeredonda.blogspot.com)

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