Regresso aos distritais

Depois de 26 anos nos escalões nacionais do futebol Português, o Infesta está perto de regressar aos campeonatos distritais. Cinco épocas na 3ª Divisão, vinte na 2ª Divisão B e mais uma época na 3ª Divisão depois, a equipa que veste de branco e azul, como o meu pai me ensinou, pode regressar aos campeonatos distritais da AF Porto. O Presidente que lidera o clube à 35 anos (faz 36 a 24 de Julho deste ano), é o sinal visível de um homem que ama o clube mas que já tem poucas forças para aguentar mais anos como o homem do leme. Com 76 anos, Manuel Ramos já deu a entender que vai passar a pasta no final da temporada.

Já não se fabricam dirigentes deste quilate. Manuel Ramos é o exemplo de dirigismo desportivo no nosso país. Sem entrar em polémicas, foi-se mantendo discreto em tudo o que rodeia o futebol. Soube gerir como poucos sabem o pouco que o Infesta consegue gerar em termos financeiros e pode-se gabar de ter tudo em dia. É um homem de convicções fortes e conseguiu levar uma equipa outrora dos campeonatos regionais, às provas nacionais. O Infesta esteve sete épocas na 3ª Divisão entre 1976/77 e 1982/83 com o técnico Augusto Mata à frente da equipa desde 1974, no final da época de 82/83, Mata abraçou um projecto no Ermesinde e o Infesta, voltou aos distritais. Ora Manuel Ramos trouxe novamente Augusto Mata para o Infesta uma época depois e, regressou novamente à 3ª divisão nacional e por lá permaneceu durante cinco temporadas até que em 1989, o Infesta conseguiu a subida à 2ª Divisão B. Por lá permaneceu durante 20 temporadas com classificações surpreendentes como os 2ºs lugares de 1994/95 e 1995/96. Sempre conseguiu bater o pé aos “grandes” destas divisões como o Leixões, Leça, Maia, Marco, Vizela, Moreirense, Espinho, Freamunde, Trofense, Gondomar, Esposende, entre outros. Lançou nestes anos, jogadores que passaram por equipas importantes nacionais, como Tavares, Chico Fonseca, Formoso, Romeu e Paulo Jorge. Fez boas campanhas na Taça de Portugal. Houve muitas vezes a sensação de que só não subiu à Liga de Honra em algumas épocas porque não quiseram. O clube tinha todas as condições de almejar mais do que a 2ª Divisão B, só que pecava pelas infra-estruturas. A Câmara de Matosinhos prometeu ao clube um novo Complexo Desportivo aquando da subida de divisão em 1989. Até hoje, essa promessa nunca aconteceu e o Infesta foi-se mantendo na 2ª Divisão B. Em 2003, Mata coloca um ponto final numa ligação ao clube que já durava à 29 anos e Manuel António, adjunto de Mata, foi o seu sucessor. Nos primeiros anos, correu tudo bem, a equipa ia conseguindo-se manter na 2ª Divisão B e inclusive, conseguiu um 3º lugar em 2004/05. Depois as coisas começaram a complicar-se. Augusto Mata tinha saído devido ao corte que Manuel Ramos tinha feito no orçamento da equipa em cerca de 50% e esse orçamento, era cada vez mais reduzido com o passar das épocas. Vários jogadores saíram para clubes que lhes deram outras condições tanto de treino como monetárias e foi isso que fez com que cada vez fosse mais difícil à equipa manter-se na 2ª Divisão B. Ao fim de seis anos após a saída de Mata, a equipa caiu na 3ª Divisão. Inicialmente, a equipa era considerada como a grande favorita à subida de divisão, mas cedo se viu que as coisas não iam correr bem. A primeira vitoria só surgiu à 10ª jornada frente ao lanterna vermelha e a equipa nunca conseguiu passar do 10º lugar. A 2ª fase iniciou com o Infesta no 4º lugar (1º lugar de despromoção) a apenas um ponto da manutenção. Volvidas três jornadas, o Infesta desceu para 5º e já está a cinco pontos da salvação.

Regressará o Infesta aos distritais? Espero que não, mas temo que sim. Temos de somar o maior número de pontos até ao fim para continuar a manter esperanças na manutenção nos nacionais. E não haveria melhor prenda de gratidão para o Presidente Manuel Ramos do que manter o Infesta, onde ele o colocou.

FORÇA INFESTA

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PS: Artigo que será publicado nas opiniões no site www.zerozero.pt